Media

Comunicados de Imprensa

02 dez 2021
BFF publica III edição do seu Estudo anual em saúde
O estudo "Construir o futuro dos sistemas de saúde europeus " é uma extensa análise socioeconómica sobre a forma como 9 países europeus enfrentaram e geriram os desafios da pandemia Covid-19.

O BFF Banking Group – o maior operador independente na área de finanças especializadas em Itália, e banco líder na Europa em serviços financeiros especializados de gestão e aquisição sem recurso de créditos comerciais sobre as Administrações Públicas, securities services e gestão de pagamentos – publicou hoje a III edição do seu Estudo anual em Saúde, intitulado “Construir o futuro dos sistemas de saúde europeus  – uma análise da experiência de 9 países europeus no combate e gestão dos desafios provocados pela pandemia de Covid-19”. 

Este relatório foi comissionado pelo Banco à Fundação Farmafactoring – organização privada sem fins lucrativos, cujo objetivo principal é promover e desenvolver atividades de investigação no âmbito de políticas públicas e da gestão em saúde na Europa. 

O estudo analisa e compara 9 sistemas de saúde europeus, que correspondem aos 9 países onde o BFF Banking Group detém operações: Itália, Croácia, República Checa, França, Grécia, Polónia, Portugal, Eslováquia e Espanha. Os sistemas de saúde em análise pautam-se por diferentes contextos históricos e culturais, pelo que existem nos países analisados várias idiossincrasias e particularidades que se espelham não só nas formas de financiar a saúde, mas também diferentes perspetivas e entendimentos sociais sobre cuidados universais em saúde. 

É graças aos dados obtidos a partir de várias fontes oficias e aos questionários individualizados que foram administrados a 30 dos maiores especialistas nacionais em economia da saúde, que este estudo alcançou o objetivo de delinear os desafios comuns a todos os sistemas e os obstáculos particulares enfrentados por cada um dos países, sendo estes destaques fundamentais para entendermos os sistemas do futuro. O estudo oferece uma análise multidimensional sobre o impacto que a presente pandemia de Covid-19 teve sobre os problemas estruturais previamente identificados em cada um dos sistemas de saúde - colocando sobre grande tensão sistemas já particularmente sobrecarregados – e sobre a respetiva capacidade de fazer face e atender às necessidades em saúde. 

Os autores traçam todo percurso histórico da Covid-19 – desde a génese da doença, passando pelas diferentes fases do percurso epidemiológico do SARS-CoV2 nos vários países em analise, até às medidas preventivas e de mitigação adotadas em cada geografia e as lições que daí se podem extrair para o futuro.  

***

Principais conclusões do Relatório  
À data de 1 de julho de 2021, registavam-se 192 milhões de infetados pela Covid-19 e um total de 4 milhões de mortes em todo o mundo, sendo que destes números cerca de 50 milhões de infeções e 1.2 milhões de mortes se registaram na Europa. A evolução da doença em relação à dimensão demográfica dos países é bastante preocupante. Na maior parte dos casos, as políticas de contenção adotadas levaram a longos períodos de confinamento, encerramentos e restrições que afetaram as vidas das populações a vários níveis.  Estas medidas apoiaram o processo de contenção da infeção, mas produziram também efeitos colaterais não negligenciáveis sobre o status de saúde das populações e sobre o desempenho económico dos países. 

No que diz respeito ao status de saúde na Europa, os cuidados de saúde não-Covid que foram suprimidos ou adiados durante este período constituem um dos maiores problemas para os sistemas de saúde e respetivas populações. A pandemia teve efetivamente várias e sérias repercussões sobre a prestação de cuidados em saúde não relacionados com a Covid-19, tanto na ótica da oferta de cuidados em saúde, como a nível de procura por tais cuidados. Para além disso, a pandemia e a crise económica subsequente levaram a um aumento de doenças mentais, com o surgimento de evidência que revela uma maior incidência de stress, ansiedade e depressões, a que acresce também a disrupção da prestação de cuidados de saúde mental para utentes já tinham patologias previamente diagnosticadas.  

Com o advento das primeiras vacinas no final de 2020, o panorama mudou. Contudo, a disponibilidade de vacinas per si não conseguiu resolver o problema das infeções, por dois motivos: por um lado, a falta de doses disponiveis para administração devido a dificuldades iniciais na produção massiva de vacinas; por outro lado, o nivel de adesão das populações aos esquemas de vacinação Covid-19 definidos, sendo que atualmente se verificam na Europa índices e taxas de vacinação muito dispares entre países. 

Às dificuldades geradas pela pandemia, acresce também uma situação de crise económica. As respostas apresentadas pelos diferentes governos europeus desempenharam um papel crucial na organização de uma resposta sanitária eficiente, que assentou sobretudo sobre a capacidade pré-instalada dos sistemas de saúde. As políticas adotadas para aumentar a capacidade de resposta dos sistemas envolveram a alocação de mais recursos financeiros, que permitissem fortalecer e ampliar a capacidade de resposta dos sistemas de saúde. Estas dotações financeiras para a gestão dos sistemas de saúde destinaram-se sobretudo ao financiamento de equipamento médico, EPIs, testagem, contratação de recursos humanos e ainda a condução de projetos de investigação e desenvolvimento necessários ao entendimento da doença. 

Na maior parte dos casos, estas ações não conseguiram evitar ou neutralizar o impacto da Covid-19 sobre o funcionamento geral dos sistemas de saúde, uma vez que em causa estava também a realocação de recursos e, por consequência, a redução de capacidade de resposta para continuar a prestar cuidados em saúde a outros níveis. Para além disto, importa referir que não é possivel ou exequível aumentar exponencialmente a despesa em saúde de um modo sustentável. De facto, assim que a pandemia estiver controlada, os governos terão de reduzir os seus níveis de défice para valores mais sustentáveis, sob risco de não conseguirem gerir no futuro problemas estruturais comuns a todos os países, dos quais o envelhecimento populacional e o aumento dos custos de cuidados em saúde são disso exemplo. 

Uma das principais conclusões deste Estudo é o facto de que o SARS-CoV-2 veio alertar o mundo para uma necessidade de mudança na forma como as instituições apoiam as populações, sendo necessário ampliar as redes de apoio social e desenvolver um modelo de contrato social mais inclusivo. Permanece fundamental a ação coletiva para a construção de economias mais orientadas para um crescimento inclusivo, capazes de oferecer prosperidade e segurança para todos. 

***

Principais destaques por país
Itália

Um país em que a população jovem sobre o total de população nacional representa apenas 13%. Encontra-se entre o top 20 de países em todo o Mundo que registaram maior número cumulativo de infeções e mortes até Setembro de 2021, encontrando-se em 12º lugar. Juntamente com Espanha e França, Itália está tambem entre os países com maior índice de mortes em excesso durante a primeira vaga da pandemia.  De acordo com o índice de severidade de medidas de mitigação e combate à pandemia, no qual se avalia a aplicação de NPIs (Intervenções não-medicamentosas, tal como o uso de EPIs, reforço das medidas de higiene, implementação de confinamentos, encerramento de atividade ou distanciamento social), Itália, França, Espanha e Portugal  encontram-se entre os países em que o conjunto de políticas para a mitigação e contenção de infeções por Sars-cov2 foi mais severa. No que diz respeito à testagem diária, desde o início que países como Itália, França e Espanha lideraram o ranking de maior número de testes diários realizados. Sobre o processo de imunização da população, a Setembro de 2021 a maior proporção de população vacinada registava-se em países como Espanha, Grécia, Polónia, Portugal e Itália. No que diz respeito à dívida dos governos sobre o PIB, Itália foi o segundo dos 9 paises a registar um maior índice de divida sobre o PIB em relação à dimensão da sua economia (155.8%).

Croácia 
Juntamente com a Eslováquia e a Grécia, a Croácia registou dos maiores esforços de testagem massiva durante a primeira vaga da pandemia. 

República Checa 
A República Checa foi dos países que registou maior dificuldade na prestação de serviços de telesaúde, uma vez que o país não se encontrava bem preparado em matéria legislativa e de financiamento para a prestação de serviços de telesaude, tendo havido necessidade de construir uma estratégia de raiz no sentido de operacionalizar tais serviços. 

França
França é o país que regista uma maior proporção de jovens sobre a população total – 17.9%. O país lidera também o conjunto de países analisados ao registar uma das maiores despesas em saúde sobre o PIB, seguido por Portugal, Itália e Espanha. Encontra-se também entre o top 20 de países em todo o Mundo que registaram maior número cumulativo de infeções e mortes até Setembro de 2021, ocupando a 5ª posição do ranking, logo após os EUA, India, Brasil e Reino Unido. Juntamente com Espanha e Itália, França está também entre os países com maior índice de mortes em excesso durante a primeira vaga da pandemia. De acordo com o índice de severidade de medidas de mitigação e combate à pandemia, no qual se avalia a aplicação de NPIs (Intervenções não-medicamentosas, tal como o uso de EPIs, reforço das medidas de higiene, implementação de confinamentos, encerramento de atividade ou distanciamento social), Itália, França, Espanha e Portugal  encontram-se entre os países em que o conjunto de políticas para a mitigação e contenção de infeções por SARS-CoV2 foi mais severa. Em França, tal como na Polónia, o nível de desenvolvimento e preparação/capacidade para adoção da telesaúde já estava estabelecida, pelo que o uso da telemedicina em ambos países durante a primeira vaga de Covid-19 intensificou-se amplamente: dados da OCDE de 2020 revelam que em França, o número de teleconsultas prestadas aumentou 50 vezes.  

Grécia
Sistema híbrido de gestão em saúde (modelos de Bismark e Beveridge). Juntamente com a Croácia e a Eslováquia, a Grécia encontra-se entre os países cuja atividade de testagem foi das mais intensas em toda a Europa durante a primeira vaga da pandemia. Sobre o processo de imunização da população, a Setembro de 2021 a maior proporção de população vacinada registava-se em países como Espanha, Grécia, Polónia, Portugal e Itália. No que diz respeito a divida dos governos sobre o PIB, a Grécia – que ainda se encontra a braços com os constrangimentos provocados pela crise das dívidas soberanas - regista a maior taxa de dívida sobre o PIB em relação à dimensão da sua economia (205.6%).

Portugal
À semelhança de Itália, Portugal regista uma das mais baixas taxas de população jovem sobre a totalidade da população nacional, situando-se esta em apenas 13%. De acordo com o índice de severidade de medidas de mitigação e combate à pandemia, no qual se avalia a aplicação de NPIs (Intervenções-não medicamentosas, tal como o uso de EPIs, reforço das medidas de higiene das mãos, implementação de confinamentos, encerramento de atividade ou distanciamento social), Itália, França, Espanha e Portugal  encontram-se entre os países em que o conjunto de políticas para a mitigação e contenção de infeções por SARS-CoV2 foi mais severa. No que diz respeito a cuidados em saúde para patologias não-Covid, na maioria dos países existiram limitações no acesso a cuidados de ambulatório, sendo que no caso da Polónia e de Portugal, o fornecimento de certos cuidados foi, em certos períodos, temporariamente suspenso. Sobre o processo de imunização da população, a Setembro de 2021, França, Itália e Espanha excederam a marca dos 20 milhões de pessoas vacinadas, sendo que em termos relativos, a maior proporção de população vacinada registava-se em países como Portugal, Itália, Espanha, Grécia e Polónia. 

Polónia
A Polónia encontra-se entre o top 20 de países em todo o Mundo que registaram maior número cumulativo de infeções e mortes até Setembro de 2021, situando-se em em 16º lugar. No que diz respeito a cuidados em saúde para patologias não-Covid, na maioria dos países existiram limitações no acesso a cuidados de ambulatório, sendo que no caso da Polónia e de Portugal, o fornecimento de certos cuidados foi, em certos períodos, temporariamente suspenso. Na Polónia, tal como em França, o nível de desenvolvimento e preparação/capacidade para adoção da telesaúde já estava estabelecida, pelo que o uso da telemedicina em ambos países durante a primeira vaga de Covid-19 se intensificou: dados da OCDE de 2020 revelam que durante a primeira vaga da pandemia, 80% das consultas na Polónia foram realizadas à distância (meios telemáticos). Sobre o processo de imunização da população, a Setembro de 2021, França, Itália e Espanha excederam a marca dos 20 milhões de pessoas vacinadas, sendo que em termos relativos, a maior proporção de população vacinada registava-se em países como Portugal, Itália, Espanha, Grécia e Polónia. 

Espanha
Espanha encontra-se entre o top 20 de países em todo o Mundo que registaram maior número cumulativo de infeções e motes até Setembro de 2021, ocupando a 11ª posição. Juntamente com França e Itália, Espanha está também entre os países com maior índice de mortes em excesso durante a primeira vaga da pandemia. De acordo com o índice de severidade de medidas de mitigação e combate à pandemia, no qual se avalia a aplicação de NPIs (Intervenções não-medicamentosas, tal como o uso de EPIs, reforço das medidas de higiene das mãos, aplicação de confinamentos, encerramento de atividade ou distanciamento social), Itália, França, Espanha e Portugal  encontram-se entre os países em que o conjunto de políticas para a mitigação e contenção de infeções por SARS-CoV2 foi mais severa. No que diz respeito à testagem diária, desde o início que países como Itália, França e Espanha lideraram o ranking de maior número de testes diários realizados. Sobre o processo de imunização da população, a Setembro de 2021 a maior proporção de população vacinada registava-se em países como Espanha, Grécia, Polónia, Portugal e Itália.

Eslováquia
Em termos absolutos, a Eslováquia regista o maior índice de testagem por cada 1000 habitantes, tendo a capacidade de testagem sido amplamente reforçada durante os meses de Inverno, altura em que o país efetuou campanhas massivas de testagem em todo o país. Quando analisada a testagem sobre o número de casos de Covid-19 registados, verifica-se que os países que implementaram uma estratégia de testagem mais acentuada – o que reflete o verdadeiro propósito da testagem como ferramenta de despistagem – foram a Croácia, Eslováquia e Grécia.